Antes eu não conhecia absolutamente nada sobre Pole Dance, exceto aquilo que a gente vê em filmes e em alguns bares e/ou baladas com o Pole em seus balcões e pistas de dança. Vocês devem estar pensando que raio de lugar o Cadu e a Emilly já frequentaram! Outra hora a gente conta.

Perceba que até então o Pole sempre estava inserido em um contexto extremamente sexualizado, e não só isso, na maioria das vezes era mostrado como algo feito pela mulher para entreter ou seduzir o homem. Passa muito longe disso.

Em 2020, nas semanas que antecederam o caos pandêmico do Covid 19 eu fotografei a Mari, uma menina que eu conhecia só de vista e que se tornaria uma grande amiga. Nos looks que a Mari levou para o ensaio tinham shortinhos, croppeds e meias usados na prática de Pole Dance.

Descobri então que a Mari praticava Pole há um tempo. E descobri durante a sessão que a Mari tem uma expressão e consciência corporal incríveis, além de, obviamente dominar com maestria a arte do “carão”.

A Mari trouxe para o Projeto Descubra a Van e a Ana, que também são donas de uma consciência corporal incrível, e, adivinhem, também são atletas de Pole Dance. Foi aí que fui aprendendo cada vez um pouco mais sobre esse universo e alguns meses depois estava fotografando eventos inteiros de Pole Dance.

Aprendi inicialmente que existe um mundo de modalidades: Sport, Art, Exotic, Classic, Glamour, Circense...

Aprendi que existem saltos e plataformas que desafiam as leis da gravidade, que as ver de pé com aquilo é um exercício de acreditar no impossível.

Mas no que diz respeito à desafiar as leis da gravidade elas são Ph.D. São giros e acrobacias que dão frio na barriga só de olhar. E como elas são fortes. Meu amigo é muita força, é muito core, é pura calistenia.

Definitivamente elas são atletas. Treinam tal qual.

E o mais legal é que a força não é só física. Elas são gigantes ao enfrentar preconceitos e tabus, muitas vezes próprios, e praticarem um esporte (sim é um esporte) que de maneira equivocada é associado a uma prática sexualizada. Muitas vezes enfrentam opinião de amigos e família, sofrem com isso, mas não se apequenam e brilham cada vez mais.

São incríveis por enfrentarem horas e horas de treino pesado e o stress de competições e apresentações, sempre impecáveis.

Entenda: o pole dance não é uma dança ou coreografia para impressionar homens. Se você acha isso você é trouxa!

Elas praticam Pole para elas, seja buscando condicionamento físico, diversão, desopilar a cabeça, descobrir a própria sexualidade, se desafiar, conhecer outras mulheres, socializar, sair de casa, ou o que seja. Você, homem, não tem absolutamente nada a ver com isso.

E aí a gente tem um ponto de intersecção com a fotografia sensual. As mulheres que procuram o Projeto Descubra querem ter a experiência de ser fotografada para elas, não para presentear ou chamar atenção de homem. A experiência é muito mais interna, é de transformação e descoberta.

No Pole, na modalidade Classic onde a sensualidade está super presente, elas estão dançando para elas, elas estão se sentindo mulheres incríveis e se curtindo, assim como acontece na frente das lentes da câmera no ensaio sensual.

Não é sobre o expectador, é sobre elas e isso é muito incrível.

Na semana passada as meninas falaram para eu assistir o filme “Pole Dance: A Dança do Poder” na Netflix.

O filme usa o Pole Dance como pano de fundo para contar a história de mulheres que sofreram abusos ou que tiveram sua sexualidade reprimida por anos e, na prática do Pole, conseguiram superar traumas e se encontrar novamente. Assistam para conhecer um pouco mais desse mundo sob uma ótica bem interessante. Nós choramos o filme inteiro com as histórias.

Espero e desejo vida longa ao Projeto Descubra para cada vez mais fazer trabalhos dentro desse mundo e com as atletas que dele fazem parte.

Sou fã!

Cadu Batista